2022: vamos experimentar uma resolução por mês?


11 Janeiro 2022

Todos nós sabemos o que é entrar num novo ano cheios de resoluções, na certeza de que é desta que vamos fazer aquilo que tanto adiámos. É desta que nos vamos inscrever no ginásio, é desta que perdemos peso, é desta que vamos ter mais tempo para nós, etc, etc… E, infelizmente, todos nós sabemos também como é difícil levá-las a cabo. A verdade é que há todo um método que nos pode ajudar a concretizar as nossas intenções. E também há uma alternativa: definir micro-resoluções, uma resolução para cada mês do ano, não acumuláveis.

Travei contacto com esta ideia das micro-resoluções num texto escrito em 2019 pelo editor da CNN David Allan. Em cada um dos meses desse ano, o jornalista eliminou um comportamento que considerava não o estar a beneficiar e tomou nota do impacto que isso teve em si e na sua família. Gostou tanto da experiência que, no ano seguinte, decidiu repeti-la, desta vez adicionando algo novo à sua vida, todos os meses.

Caso queira experimentar esta proposta, o ideal seria definir as suas próprias micro-resoluções ou adaptá-las aos seus gostos e prioridades. Mas, se está a precisar de uma dose de inspiração ou de um “empurrãozinho”, sugiro que experimente as micro-resoluções que aqui vou deixar. Todas elas vão no sentido de criarmos hábitos para uma vida mais saudável. A diferença é que, em vez de tentarmos fazer tudo de uma assentada, dedicamo-nos a uma de cada vez, mês a mês. 

Isto vai permitir organizar melhor as nossas rotinas em torno daqueles objectivos e ajudar a enraizar essa prática e convertê-la num hábito. Como referi, estas micro-resoluções não são acumuláveis, ou seja, não tem de as “transportar” de um mês para o outro. A menos que queira, claro.

Usando este esquema, poderá perceber melhor quais as resoluções que realmente fazem sentido para si e se encaixam na sua vida. Será também mais fácil manter o compromisso (já que é por menos tempo) e não atirar a toalha ao chão ao primeiro percalço. Obrigatório mesmo é tentar manter-se fiel às suas micro-resoluções e tomar nota dos efeitos que isso tem sobre si e sobre a sua vida. Se forem bons, será muito mais fácil mantê-las neste ano e nos próximos.

JANEIRO: Adeus álcool e açúcar

Sim, para muitas pessoas, pode ser uma resolução difícil, mas há boas notícias: já vamos quase a meio do mês e é das poucas micro-resoluções que vou propor que implica alguma forma de privação. Além disso, convenhamos que vimos de uma época em que certamente abusámos um pouco nestas duas categorias alimentares. 

Depois do Natal e da passagem de ano, o nosso corpo implora por um detox. Por isso, a ideia é retirar-lhe duas substâncias que tendem a ser mais inflamatórias para o organismo. Experimente passar o resto do mês longe delas e tome nota de como se sente no final de Janeiro. Obviamente que não vamos passar o resto do ano sem beber um copo de vinho ou comer um bolo. Mas é uma maneira de começar 2022 com o pé direito.

FEVEREIRO: Verdes no prato

Uma das principais resoluções de ano novo costuma ser a alimentação. Terminámos um ano em festim de exageros e começamos o novo com intenções sérias de dieta. O problema é que, frequentemente, caímos no exagero oposto: metemo-nos em dietas malucas, cheias de restrições, e que facilmente nos levam a desmoralizar. E depois lá vem aquela familiar sensação de fracasso. Não é a melhor maneira de começar o ano, pois não?

Por isso, a minha proposta para o segundo mês é bastante simples, mas garanto que fará a diferença na sua alimentação: comer vegetais todos os dias. Pode ser uma salada, vegetais cozinhados, sopa, sumos ou batidos verdes, enfim, qualquer coisa desde que contenha vegetais. E que seja uma boa dose, claro.

Se já faz isso, eleve a fasquia: por exemplo, se come vegetais ao almoço, adicione também ao jantar. Se já come às duas refeições, adicione ao pequeno-almoço ou reforce as doses, iniciando as refeições principais com uma sopa ou complementando-as com uma salada de folhas verdes. Para saber como pode aumentar o consumo de vegetais no dia-a-dia, leia este artigo. E se quiser aprofundar mais este tema, encontra aqui as melhores estratégias para uma alimentação saudável.

MARÇO: Mexer o corpo

É aqui que está a pensar: “pronto, agora é que estas micro-resoluções me perderam”. O exercício físico costuma ser presença obrigatória nas resoluções de ano novo. E geralmente é uma das mais difíceis de sair do papel.

Em primeiro lugar, convém que haja aqui algum planeamento prévio, que começa por identificar o tipo de exercício físico mais adequado para si. Neste artigo, guio-o passo a passo sobre como criar uma rotina de actividade física que realmente seja capaz de manter. Muitas pessoas acreditam simplesmente que não gostam de exercício, nem nunca vão gostar, mas esta crença advém, ou de ainda não termos descoberto o tipo de actividade física mais indicado para nós, ou de nos pressionarmos a corresponder a determinadas expectativas, seja dos outros, seja de nós próprios. Não temos todos de ir ao ginásio, não temos todos de gostar de correr. 

Para muitas pessoas, uma simples caminhada de 30 minutos a 1 hora, duas vezes por semana, é melhor do que nada. Além disso, mexer o corpo não passa apenas por ter uma actividade física. É possível incorporarmos mais movimento no nosso dia-a-dia. Por exemplo: usar escadas em vez de elevador, ir a pé ou de bicicleta para o trabalho ou às compras, passear o cão, etc. Se estiver em teletrabalho, ponha um lembrete no telemóvel que o obrigue a levantar-se e andar pela casa a cada 30 minutos. Pode também recorrer a uma app que conte os seus passos e fixar um mínimo diário. O que interessa é que ponha o seu corpo a mexer este mês e faça disso a sua prioridade.

ABRIL: Destralhar

Depois de passarmos os três primeiros meses do ano a cuidar da nossa primeira casa (o nosso corpo), chegou a hora de cuidar do espaço onde vivemos. E por isso a sugestão para Abril é destralhar. Confesso: é algo que eu adoro. É mesmo daquelas actividades que me dá um prazer, não propriamente momentâneo, claro, mas a posteriori, quando me apercebo de como a casa ficou mais limpa, mais livre. Porque, na realidade, não é só o espaço que ganha mais espaço, a nossa mente também.

Como o processo de “destralhar” depende muito da realidade de cada um, o desafio que lhe proponho é que, todos os dias deste mês, se livre de algo de que já não precisa. Esta proposta inspira-se no chamado Jogo dos Minimalistas, desenvolvido por Joshua Fields Millburn e Ryan Nicodemus. Só que este vai um pouco mais longe: propõe que se alie a um amigo, colega ou familiar e que, no primeiro dia do mês, cada um se livre de um objecto. No segundo dia, de dois, No terceiro, de três. E por aí adiante. Em comparação, apenas um por dia já não parece tão mau, pois não? Mas esteja à vontade para ir mais longe se quiser.

Tendemos a acumular bens em demasia: revistas e livros que guardámos, mas que nunca mais vamos pegar, roupa que já não nos serve ou fica bem, papéis e mais papéis, móveis, equipamentos electrónicos ou utensílios de cozinha que só fazem é ganhar pó. Quando estiver a seleccionar os objectos a “destralhar”, pense na sua utilidade, mas também nos sentimentos que lhe despertam. A mestre da organização, a japonesa Marie Kondō, diz que só devemos manter o que nos faz sentir alegria. Encontre o seu próprio equilíbrio.

E, claro, não deite simplesmente fora esses objectos que já não quer. Pense se conhece alguém a quem possam fazer falta, se os pode dar a uma instituição de solidariedade social ou a uma biblioteca escolar (no caso de livros, por exemplo), ou se os pode vender em segunda mão. Quando fiz o meu grande “destralhamento”, no início da pandemia, vendi muitos objectos através do OLX, outros nas lojas da Cash Converters e cedi peças de vestuário a uma loja online de roupa em segunda mão (a MyCloma) em troca de cupões para supermercado. Tudo o resto doei.

MAIO: Meditar

Limpámos o nosso corpo através da alimentação e do exercício físico, limpámos a casa, agora chega o mês de começarmos a limpar a mente. O desafio para este mês é meditar. É algo que está na moda, mas há boas razões para isso. A meditação é uma técnica poderosíssima na prevenção e gestão do stress e da ansiedade e, de acordo com os estudos mais recentes, os seus benefícios vão muito mais além, ajudando a manter uma boa saúde física e mental.

Se nunca experimentou, ao início pode parecer estranho e sentir que não se consegue concentrar ou desligar. Mas a meditação é um músculo que se treina e, por isso, quanto mais regular for a prática melhor. Neste mês de Maio, esta é a sua resolução: tente meditar todos os dias, nem que seja apenas 10 minutos. Se falhar algum dia, retome no dia seguinte. Se tiver menos tempo, faça apenas alguns ciclos de respirações profundas, para ajudar a relaxar.

Hoje em dia, há uma oferta enorme de técnicas e de aplicações para nos ajudar nesta área. Eu estreei-me com uma app que adoro, o Headspace, que tem uma versão gratuita e outra paga, com meditações para todos os gostos e feitios. Há outras apps como o Calm ou o Insight Timer, além de vários canais no Youtube, inclusive portugueses. Neste momento, ando rendida aos cursos e práticas (em inglês) oferecidos por dois mestres do mindfulness, Jack Kornfield e Tara Brach, através da plataforma Sounds True. Encontre algo com que se identifique e dedique-se a isso este mês.